Após Marco Aurélio interromper advogada que se referiu aos ministros como “vocês”, Carlos André alerta para uso correto dos pronomes de tratamento

Marília Costa e Silva

O advogado Carlos André Nunes Pereira, que é professor de linguagem jurídica e sustentação oral, alerta os colegas para a importância do uso correto do pronome de tratamento ao se dirigir a um magistrado. Nesta quarta-feira (6), circulou pela internet um vídeo em que uma advogada usou o pronome vocês para se dirigir aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela foi alertada de forma deselegante pelo Marco Aurélio de Mello de que se deveria obedecer a “liturgia” para o caso, para usar o pronome de tratamento correto: o Vossa Excelência.

No vídeo, fica claro que a advogada, mesmo nervosa, se desculpa com o colegiado mas prossegue a sustentação oral. Para Carlos André, não haveria necessidade de interromper a advogada para o alerta. Segundo ele, o ministro poderia ter solicitado ao presidente do STF, ministro Dias Toffoli, ou mesmo ter pedido a palavra ou deixasse para alertá-la posteriormente para não causar à advogada qualquer tipo de constrangimento, como o que aconteceu.

Apesar disso, Carlos André assegura ser muito importante que os advogados saibam e não se esqueçam de utilizar o pronome de tratamento correto ao se dirigirem a uma autoridade. No caso do ministro, o Vossa Excelência é o correto. “O pronome de tratamento é fundamental para estabelecer a lógica da impessoalidade, não alcançada quando se usa o ‘você’ ou o ‘tu’, nitidamente pronomes pessoais”.

Além de Carlos André, muitos advogados usaram as redes sociais para comentar o caso. Alguns afirmaram que “mesmo com respeito à “liturgia, faltou bom senso e respeito à advogada, que poderia muito bem ser chamada de senhora ou senhorita, e não necessariamente de ‘doutora’. Enfim, humildade cabe em qualquer lugar, inclusive pelos magistrados em geral”, ponderou um advogado.

Outro causídico afirmou que mesmo sendo alertada de forma constrangedora, entendeu que a advogada se saiu muito bem no caso. “Ela pediu desculpas e seguiu com a sustentação oral, apontando, ser as escusas “o que poderia fazer no momento”.

Veja o vídeo com as orientações do professor e advogado Carlos André Pereira Nunes