Ao jovem advogado

*David Soares da Costa Júnior

Vivemos a era das redes sociais virtuais. O principal instrumento desse tempo paga contas, indica caminhos, diverte e manda mensagens, ao passo que prejudica o raciocínio e leva embora a atenção dos donos. “É preciso foco e o celular é uma máquina de distração”, alerta o escritor Leonardo Schulmann, em uma obra dirigida ao advogado que almeja o sucesso.

As dicas são valiosas, mas não existe fórmula para o sucesso. Segundo o escritor, quem passa anos da vida memorizando leis e aprendendo a interpretá-las em uma universidade, geralmente, não faz ideia do que é ser um advogado na prática. Explico a partir da minha vivência. Quando formado, eu não tinha, ainda, certeza do que realmente eu queria.

A dúvida era se eu seria advogado ou se seguiria a carreira da docência universitária, que é uma das minhas grandes paixões. Escolhi, então, advogar. No início, não vou dizer que foi fácil, não foi. Matei um Leão de Nemeia por dia. Passei pelos percalços que todo iniciante passa, inclusive o medo de entrevistar o meu primeiro cliente que, ao contrário do que conta Schulmann, não o perdi por ficar distraído ao telefone.

Com o tempo, adquiri confiança. Transitei por várias áreas do Direito e, como todo mundo, me tornei generalista. Não me pergunte o porquê, mas foi na área criminal que me encontrei. Essa sempre foi uma vocação. Talvez, pelo fato de meu avô ter sido delegado, pode até ser. Mas não era só isso. Eu queria mais. Queria fazer a diferença e a área criminal te dá essa oportunidade.

O advogado criminalista não é só indispensável, ele é imprescindível no cumprimento da Justiça; é um idealista, que busca a Justiça e a paz social. Assim fui construindo minha carreira, lapidando meu personagem, criando a advocacia que eu queria, me tornando o advogado que sou. As oportunidades vieram, consequentemente.

Primeiro, na política classista. Fui conselheiro da OAB; presidente de algumas das comissões, como a do Advogado do Interior, do Combate à Corrupção Eleitoral e Prerrogativas e, por fim, vice-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag). Na Comissão de Prerrogativas, posso dizer que adquiri a maturidade e a paciência que todo advogado deveria ter.

Não bastassem os desafios, convidado a assumir a presidência da Anacrim, a Associação Nacional da Advocacia Criminal em Goiás, aceitei com o objetivo de focar nas agruras da advocacia criminal para ajudar ainda mais. Afinal, como disse Antonio Pedro Melchior, advogado criminalista, quanto mais coletivo for a defesa da advocacia criminal, melhor.

Aprendi a receber nãos e a decidir se iria aceitá-los, sempre com a certeza da real complexidade do posto e da luta diária que assumi. Como podem perceber, não existe receita para o que chamam de sucesso. Ela está em você, em fazer o que quer e o que gosta. É um processo, é uma construção.

É importante ter metas e se dedicar a elas. Reveja seu comportamento, afaste-se daquilo que lhe tira o foco. Busque entregar resultados em tudo a que se dedica. Aponte seu olhar para o horizonte e siga seu coração, é ele quem indicará o verdadeiro caminho. Crie seu mantra de sucesso e vá em frente, pois a fórmula do sucesso existe, sim. É você. Acredite, vai dar certo!

*David Soares da Costa Júnior é advogado, professor, vice-presidente da Casag, presidente da Anacrim – GO, presidente da Comissão de Defesa da Prerrogativas da OAB – GO.