Erros comuns cometidos por quem deseja imigrar

A colega Mara Pessoni, advogada e especialista em Comércio Exterior, do Witer DeSiqueira & Pessoni an International Law Corporation, escreve neste sábado (22) sobre os erros comuns cometidos por quem deseja imigrar para os Estados Unidos.

Leia a íntegra do texto:

Mara Pessoni

Nosso escritório atende, em média, pelo menos quarenta pessoas por mês, através de consultas presenciais e online, querendo imigrar para os EUA. Além disso, recebemos inúmeros questionamentos através de ligações telefônicas e de nossas redes sociais, de pessoas buscando informações sobre imigração.

Muitas dessas pessoas e possíveis imigrantes, quando nos buscam, já cometeram alguns erros que podem comprometer seu tão sonhado futuro nos EUA para sempre.

Abaixo enumeramos os mais comuns e aproveitamos para fazer o alerta: antes de tomar qualquer decisão, busque a orientação de um profissional de imigração, assim, suas chances de ter um processo legal aprovado serão muito maiores.

 1 – Desfazer de bens imóveis, empresas, veículos, etc. para juntar capital para mudar

É uma constante a presença de pessoas na consulta que, antes buscarem informações sobre as reais possibilidades de imigrar, já venderam todos seus bens. Imigração é um processo lento, e muitas vezes requer que o aplicante demonstre vínculos com o Brasil, principalmente, quando sua entrada nos EUA se fará por um visto de não-imigrante (L-1, F-1, etc.). Pois estes vistos são temporários e para isso o aplicante deve demonstrar que retornará ao país. O visto L-1 é um visto de duo-intent e cabe um ajuste de status para um Green Card no futuro.

2 – Viajar aos EUA como turista e não agir como tal 

As pessoas vão aos EUA com o visto de turista, mas ao chegar lá, se apaixonam pelo país e já decidem ficar por um tempo, como se fosse uma experiência. Abrem contas em bancos, compram carros e alguns, até casas, trabalham, enfim, cometem vários erros que não são compatíveis com o status de turista que ocupam. Depois retornam ao Brasil decididos a se mudarem de vez para os EUA, porém já deixaram um rastro de infração à Lei de Imigração que comprometerá a aprovação de seu processo, e até mesmo uma nova entrada nos EUA com seu visto de turista.

3 – Decidir imigrar através de vistos de trabalho (EB’s) mas não apresentar a documentação necessária

Muito comum os propensos aplicantes de processos de imigração, ao se apresentar na consulta com nossos advogados, ao lhes serem apresentados todos os requisitos necessários e imprescindíveis para um processo, afirmarem ter toda a documentação. Porém, no decorrer do processo, quando o Compliance do office apresenta o check list da documentação, começam as argumentações de que tal e tal documento não foi possível localizar, ou que as cartas de referência são muito difíceis, ou que a tradução de tantos documentos está ficando cara demais. Usam dessas argumentações para tentar “dar um jeitinho” no processo, o que realmente é impossível.

4 – Participar de grupos em redes sociais buscando vagas de trabalho e tentar entrar nos EUA com visto de turista

Esta é uma situação recorrente. Muitas pessoas chegam ao nosso escritório porque tiveram a renovação de seus vistos recusada, ou seus vistos foram cancelados ou porque foram deportadas num porto de entrada nos EUA. A justificativa é sempre a mesma, a pessoa buscou informações sobre trabalho seja no Facebook, seja através de grupos de WhatsApp, e os agentes consulares e de imigração tiveram acesso a essas informações. Buscar trabalho sem o visto correto é um erro fatal. Alguns agentes consulares chegam a dizer para o aplicante de visto que ele está banido para sempre dos EUA, o que não é uma verdade absoluta, pois, para a maioria dos casos de missrepresentation (mentira, fraude), existe um processo de Pedido de Waiver.

5 – Comprar uma casa pra morar sem conhecer a região

Muitas vezes as pessoas vão aos EUA a passeio, fazem tudo certinho, não extrapolam o prazo de seu I-94, retornam sem cometer nenhum erro, mas já com a ideia da mudança e daí começam a buscar uma casa pra comprar.

Existem diversos fatores que implicam na compra de uma casa nos Estados Unidos:

– Os impostos são muito altos para os estrangeiros, portanto, o melhor a se fazer é financiar uma casa, ao invés de comprar uma casa quitada, mesmo que a taxa de juros do financiamento seja um pouco mais alta para o estrangeiro, mesmo assim, ainda é mais viável do que imobilizar um alto valor em uma casa quitada.

– As famílias que têm filhos em idade escolar, precisam saber que os filhos estudam sempre nas escolas do bairro onde moram, portanto, antes de comprar ou financiar uma casa, é necessário conhecer sobre as escolas da região e saber se elas atendem às aspirações das crianças e adolescentes.

– Os EUA são um país altamente preconceituoso. Há uma segregação entre brancos e pretos muito grande por ambas as partes. Se o aspirante à imigração é de cor clara, deve evitar morar em bairros de predominância negra e vice-versa, pois poderá sofrer retaliações. Bairros com predominância de latinos também sofrem com o preconceito dos locais. Toda cautela é pouca nesta hora.

Por conta dessas razões, sempre orientamos nossos clientes a alugarem uma casa primeiro. Depois, ao se situarem na cidade, conhecendo as regiões, aí sim, façam a escolha de onde comprar o seu imóvel.

5 – Desestrutura psicológica/emocional

Toda mudança gera desconfortos. Tudo é novidade, mas nem sempre, todas as novidades são boas. A adaptação à cultura é um dos fatores que mais geram abalos psicológicos e emocionais, tanto nos adultos, quanto nas crianças e adolescentes. Os pais sofrem por não conseguirem ensinar tudo aos filhos por pura falta de conhecimento e os filhos sofrem por dificuldades de adaptação nas escolas, saudades dos amigos e familiares que ficaram no Brasil. Junto com tudo isso vem a adaptação aos novos empregos e colegas de trabalho, à língua, que por mais que se tenha fluência ainda é um obstáculo. Se inteirar sobre leis e regras de condomínios, contábeis, etc.

6 – Falta de planejamento financeiro

Este é um problema sério. Quando as pessoas se mudam para os EUA sem um planejamento financeiro correm o sério risco de falirem. Apesar de que, quando comparado, o salário que irá ganhar nos EUA é por vezes muito maior do que o que se ganhava no Brasil, o aplicante de visto se esquece de que o custo de vida também é bem maior. Aluguel, escola, seguro saúde são despesas que têm um peso muito grande no orçamento e se não planejado, pode criar grandes problemas. Bens de consumo como carro, eletrodomésticos, etc. são muito em conta e as pessoas se entusiasmam em adquirir um “carrão” ou eletrodomésticos e última geração, e isso também, apesar de serem um terço do valor do Brasil, irá impactar no orçamento doméstico.

Então, planejamento financeiro é de extrema importância para uma imigração bem sucedida.

Enfim, mudar de um país para outro é para os fortes. Mas, também para queles que se planejam, que buscam orientações com profissionais qualificados antes de tomarem qualquer decisão. Que não se precipitam, e fazem as coisas dentro do tempo certo.

Profissionais com a vivência e experiência nos EUA fazem toda a diferença nestes casos, pois são capazes de compartilhar conhecimentos e experiências próprias com o objetivo de exemplificar situações e erros que podem ser evitados.

OBS.: O propósito deste artigo é informar as pessoas sobre imigração americana, jamais deverá ser considerado uma consultoria jurídica, cada caso tem suas nuances e maneiras diferentes de resolução. Esta matéria poderá ser considerada um anúncio pelas regras de conduta profissional do Estado da Califórnia e Nova York. Portanto, ao leitor é livre a decisão de consultar com um advogado local de imigração