SPC Brasil estima que 52 milhões de consumidores estejam inadimplentes no país

O Brasil tem cerca de 52 milhões de consumidores que deixaram de pagar pelo menos uma dívida, nos últimos cinco anos, segundo estimativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). É a primeira vez que a empresa divulga a estimativa de consumidores inadimplentes. Para fazer projeção, foi analisada a base de dados do SPC Brasil e de mais duas empresas do setor, com exclusão de dados comuns nos cadastros negativos. Também foram excluídas dados de pessoas com mais de 90 anos, uma vez que pode haver CPF de pessoas mortas usado fraudulentamente. Foram ainda utilizados dados do Sistema Único de Saúde (SUS) para verificar número de mortos.

O SPC Brasil também informou hoje (13) que número de consumidores inadimplentes (somente na base de dados da empresa) subiu 5,54% em fevereiro deste ano, comparado com igual período de 2013.  Esses dados são referentes a contas atrasadas de água, luz, gás e dívidas com os bancos e com o comércio.

O presidente da Câmara Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, considera que não há nenhum fator que possa fazer com que o número de inadimplentes caia. Mas, para Pellizzaro, a estabilidade desse dado “mostra que o risco de bolha de crédito não existe”. “Não vejo nenhum fator para os próximos 12 meses que possa vir a gerar mais recursos ou maior folga no orçamento das famílias. Pelo contrário, há inflação, expansão de renda menor, índices de emprego mais estáveis. Vamos estar bem se não houver nenhuma alta nesse número”, disse.

Os dados do SPC Brasil também indicam que o número de dívidas registradas na base de dados da empresa cresceu 3,02% em fevereiro, na comparação com igual mês de 2013. Essa é a terceira maior taxa registrada nos últimos 12 meses. Em relação a janeiro, o crescimento ficou em 0,80%.

No caso de dívidas vencidas com menos de 90 dias, houve expansão de 8,37%, na comparação entre fevereiro e janeiro deste ano.  De acordo com a economista do SPC Brasil Luíza Rodrigues, esse crescimento indica a entrada de mais inadimplentes registrados na base de dados e com apenas uma dívida. Esse resultado levou à redução do número médio de dívidas em atraso por inadimplente, que ficou em 2,044, em fevereiro, o menor resultado registrado na série histórica, iniciada em janeiro de 2010. Em janeiro deste ano, a média estava em 2,067.

Para  Pellizzaro, a alta dos juros e a inflação fazem com que as pessoas tenham mais dificuldades para pagar as dívidas. Além disso, em fevereiro, os consumidores tiveram despesas extras com compra de material e pagamento de matrícula escolar.

Apesar disso, Pellizzaro não considera que os brasileiros estejam superendividados. “Pelo nível histórico, está sob controle. Uma pessoa com duas dívidas em média consegue pagar. Ela tem capacidade de pagar restringindo a despesa. Enquanto esses números estiverem sob controle, é porque ainda não temos um cenário de superendividamento no país”,  ressaltou.