Quatro de cada dez policiais já sofreram algum tipo de assédio

Quatro em cada dez policiais brasileiras – civis, militares, federais, guardas municipais, auxiliares de autópsia e bombeiros – já sofreram assédio sexual ou moral no ambiente de trabalho, a maioria por parte de superior hierárquico. Destas, apenas 11,8% denunciaram a situação. É o que revela uma pesquisa realizada em âmbito nacional pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Fundação Getúlio Vargas.

Em Goiás, a situação não é diferente, alerta o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol-GO), que propõe que este 8 de março, Dia Internacional da Mulher, seja uma oportunidade de reflexão e de iniciativas para combater esse tipo de comportamento, que tem um forte componente cultural, o do machismo.

Vice-presidente do Sinpol de Goiás, a auxiliar de autópsia Eliete Ribeiro de Sousa Jackson observa que a polícia é uma instituição emblematicamente masculina. “Trabalhamos muito com vítimas de agressões tipificadas na Lei Maria da Penha e é comum ouvirmos que a mulher é quem dá causa a esses atos”, relata Eliete. “Sem contar que grande parte dos homens se sente em casa para fazer piadas machistas e fazer insinuações, o que só reforça a cultura tipicamente machista em que vivemos”, acrescenta. Para ela, é fundamental uma mudança de comportamento, envolvendo mulheres e também homens, a partir da reflexão e da conscientização.

A vice-presidente do Sinpol avalia que as policiais devem, no mínimo, mostrar indignação com comportamentos machistas. “Percebemos muito que as pessoas ouvem, ficam indignadas, comentam entre elas, mas não têm coragem de reagir em vez de apenas criticar”, afirma. Prova disso é o índice baixíssimo, revelado pela pesquisa, de casos que são denunciados às autoridades competentes. Eliete alerta que a prática de assédio criminal ou sexual é grave e pode ter consequências muito danosas.