Presos dois agentes da Polícia Federal suspeitos de participação no atentado a bomba contra o advogado Walmir Cunha

A bomba danificou a entrada o escritório e feriu gravemente o advogado Walmir Cunha

Duas pessoas foram presas pela Polícia Civil nesta terça-feira (27) e outras três conduzidas coercitivamente para prestarem depoimento. Elas são suspeitas de participação no atentado a bomba que feriu gravemente o advogado Walmir Cunha. O artefato explodiu quando foi aberto pelo causídico, no seu escritório localizado no Setor Marista, em Goiânia, em 15 de julho passado.

Apesar de os presos ainda não terem sido apresentados pelo delegado responsável pelas investigações, Valdeni Pereira da Cunha, o Rota Jurídica apurou que foram presos os agentes federais aposentados Ovídio Rodrigues Chaveiro e Valdinho Rodrigues Chaveiro. Eles estão detidos na carceragem da PF, em Goiânia. Foram levadas para prestar depoimento coercitivamente Jéssica Domingos Chaveiro, Natália Domingos Chaveiro e Soraia Domingos Rodrigues, filhas e esposa de Valdinho.

O que se sabe é que as pessoas envolvidas no caso teriam ficado insatisfeitas com a atuação de Walmir Cunha em uma ação que tramitava em das varas de família da capital. Ele representava um cliente, que demandava contra a filha de um dos envolvidos. O delegado responsável pelas investigações, Valdemir Branco, fará um breve pronunciamento sobre o caso hoje às 11 horas, mas não haverá detalhamento sobre o episódio pois as investigações continuam.

O caso teria sido concluído graças ao reconhecimento de um dos envolvidos. Imagens gravadas por uma câmera de vídeo no Setor Jardim Guanabara registraram o momento em que o motoqueiro foi contratado para levar o artefato ao escritório do advogado. As cenas foram fundamentais para identificação dos envolvidos.

Conforme a Polícia Civil, o motoqueiro não tem nenhuma participação no crime. Ao contrário, tão logo ele ficou sabendo do que ocorreu, procurou a polícia e ajudou na elucidação do atentado. Foi graças ao depoimento dele que a polícia conseguiu encontrar imagens gravadas por uma câmera de vídeo instalada na Avenida Contorno esquina com Avenida Vera Cruz, no Jardim Guanabara, em Goiânia, onde o suspeito contratou o motoqueiro para a entrega. Elas mostram um homem vestindo calça cinza, camisa branca e boné verde passando próximo ao motoqueiro que saia para fazer uma entrega.

Desde o início das investigações, a Polícia Civil suspeitava que um policial poderia estar envolvido no caso, devido a complexidade do artefato enviado ao causídico. A bomba continha 500 gramas de explosivo semelhante ao que se usa em demolições. Ela tinha capacidade suficiente para matar o advogado. Walmir Cunha não morreu porque, ao perceber o ruído na caixa, tentou jogar o artefato para longe. A bomba, além de ferir gravemente Walmir Cunha, destruiu parte da recepção do escritório.

OAB-GO
Desde o início das investigações, a seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil acompanha o caso. Hoje, o presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Erlon Fernandes, foi informado das prisões. Ele assegura que o trabalho da polícia foi impecável no caso.

Volta ao trabalho

Mais de cinco meses após ter sido gravemente ferido por uma bomba enviada ao seu escritório, no Setor Marista, em Goiânia, o advogado Walmir Cunha, de 36 anos, começa a voltar sua rotina de trabalho. Ele alterna sua rotina entre as severas sessões de reabilitação e os atendimentos aos clientes. Ele também tem achado tempo para a confecção de um manifesto em busca de apoio legislativo para propositura de leis que possam garantir maior segurança aos profissionais do Direito.

Segundo Walmir, o atentado não o desencorajou para o exercício da profissão. Ao contrário, garante que está cada vez mais estimulado ao trabalho. Prova disso é que ele nem bem deixou as muletas usadas em virtude do ferimento sofrido no pé direito, e já está atendendo clientes inclusive fora do escritório. Nos últimos dias, por exemplo, ele viajou ao Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Tocantins e Maranhão. “A minha volta ao trabalho prova que continuarei sendo um advogado militante, atuante e que acredita no Direito de quem eu represento”, frisa.

Além de toda essa mobilização, Walmir ainda acha tempo para planejar seu novo escritório. Ele está deixando a sociedade com os profissionais da KBR Advogados para, brevemente, inaugurar um novo local de trabalho no alto do Bueno.  Será um trabalho solo, onde continuará atuando nas áreas do Direito Empresarial e Agrário.