Mãe que teve filho assassinado por causa de futebol receberá pensão por morte

Com os olhos cheios de lágrimas, cabeça baixa e uma foto do filho, Simone Moreira Gonçalves, 60 anos, caminhava pelo fórum na cidade de Goiás. Uma vizinha que a esperava em outra sala quando a encontra também chora. “Eu revivi a morte do meu filho ali dentro”, disse Simone, após sair da audiência realizada pelo juiz Luciano Borges da Silva, durante o Projeto Acelerar, em Goiás. O magistrado concedeu tutela antecipada para determinar que o Instituto Social de Seguro Social (INSS) implante o benefício previdenciário em 30 dias, sob pena de multa diária de 100 reais.

O magistrado entendeu que ela dependia economicamente do filho. “Ora, ela possui 60 anos de idade, não é aposentada, o que leva a crer que seu filho prestava auxílio efetivo na residência dos pais, fato conformado pela testemunha”, enfatizou.

Servente de pedreiro, Ricardo Fernando Gonçalves de Jesus, 20 anos, foi morto com golpes de pedra e bloco de cimento na cabeça por dois amigos, após um desentendimento por causa de futebol. O crime chocou a cidade. “Era um menino bom e trabalhador”, disse seu Firmino Sobral Fagundes, que também estava no fórum para testemunhar em outro processo. Mas, ao ver Simone quis saber se tudo tinha dado certo.

“Ele era meu tudo, meu amigo, meu companheiro. Eu era feliz”, disse a mãe, que só tinha ele de filho. Ela contou que o crime aconteceu no dia 21 de dezembro, porém o jovem só morreu 20 dias depois no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO).

Com o marido doente, ela relatou que sua vida mudou de um dia para o outro. “Ele não estudava para trabalhar e me ajudar em casa. O pai dele sempre foi muito doente e com a morte do nosso filho foi parar numa cadeira de rodas’, ressaltou.

Os detalhes do crime são narrados entre choros. “Eles machucaram muito o meu filho. Quando eu cheguei no hospital e o vi daquele jeito, não acreditei. Eu só queria salvá-lo. Corremos para Goiânia e ele ficou na UTI do hospital esse tempo todo”, desabafou.

Ela disse ainda que o filho tinha muitos planos, mas o maior dele era fazer uma faculdade de Agronomia. “Disse que ia estudar em 2015 e melhorar de vida”, destacou. Para ela, agora não é o momento de falar de sonho. “Eu só queria o meu filho de volta, mas sei que não vou ter. Agora me resta tentar viver e cuidar do meu marido”, afirmou.

Ao se despedir, Simone agradeceu a todos e olhou e observou ao olhar para o fórum: “quero voltar aqui nesse fórum somente no dia do júri deles. Isso não vai preencher o vazio que sinto nem trazer a minha felicidade de volta”, disse mais uma vez com lágrimas nos olhos. De acordo com os autos dos processos, os acusados já foram pronunciados e estão presos aguardando recurso.Fonte: TJGO