Justiça manda soltar um dos médicos acusados de fraudar encaminhamentos para UTIs

Marília Costa e Silva

A Justiça acaba de mandar soltar o médico Waler José de Campos Reis. Ele e outras 20 pessoas foram presas na terça-feira (21) durante operação SOS Samu, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás para investigar suspeita de fraudes no encaminhamentos de pacientes para Unidades de Terapia Intensiva (UTI) privadas, em Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. O esquema funcionava há um ano e meio. Eles são acusados de direcionar pacientes atendidos pelo Samu, que possuíssem planos de saúde, a determinadas UTIs, fraudando a respectiva regulação do acesso aos leitos.

O médico foi representado pelo advogado Marcelo Di Rezende
O médico está sendo defendido pelo advogado Marcelo Di Rezende

A decisão de mandar soltar o médico, que é o primeiro dos suspeitos a ser posto em liberdade, é do juiz substituto em segundo grau Wilson Safatle Faiad. Ele acolheu pedido feito pelo advogado  Marcelo Di Rezende, que sustentou que o seu cliente tem bons antecendentes e endereço fixo. Além disso, o causídico assegurou que o médico já prestou todos os esclarecimentos necessários, colaborando com as investigações que estão sendo realizadas pelo Ministério Público.

Para o magistrado, o fato de estar colaborando com as investigações, demonstra que a “liberdae não aparenta implicar prejuízos à atividade investigatória”. O médico estava detido na Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia.

O caso
Segundo a investigação, funcionários do Samu recebiam propina para encaminhar pacientes, para UTI’s de hospitais particulares de Goiânia. O Ministério Público descobriu inclusive os valores. Técnicos e enfermeiros recebiam até R$ 500 por paciente. Já os médicos do Samu ganhavam até R$ 15 mil, o equivalente a uma diária em UTI. Os funcionários do Samu envolvidos no esquema rejeitavam atuar em regiões periféricas, por atenderem um maior número de pessoas através do SUS, o que era desinteressante financeiramente.

Conforme investigação do Ministério Público, pacientes eram levados às UTIs até mesmo sem necessidade. Para simular a gravidade do estado de saúde deles, os profissionais diminuíam a consciência do paciente com medicamentos de efeito sedativo.

Os envolvidos são suspeitos da prática de crimes de associação criminosa, de corrupção ativa e de corrupção passiva.

Confira a lista dos investigados
Veja os 24 nomes que tiveram pedidos de prisão temporária decretados, supostamente envolvidos no esquema de propina com participação do Samu de Goiânia e mais quatro cidades do Estado. Dois estão foragidos.

Relton Salmo Carneiro – sargento do Corpo de Bombeiros
Carlos Henrique Duarte Bahia – médico diretor do Samu

Maurício Batista Leitão – médico
Rafael Haddad – médico
Rodrigo Teixeira Cleto – médico
Waler José de Campos Reis – médico

Rafael Antunes Filho – enfermeiro
Osvaldo José de Oliveira Filho – técnico de Enfermagem
Manoel da Silva Melo – técnico de Enfermagem
André Alves dos Santos – técnico de Enfermagem
Stenio Júnior da Silva – técnico de Enfermagem
Wellington José do Egito – técnico de Enfermagem

Wassy Carlos Ferreira – condutor socorrista
Bartolomeu Crispim Monteiro – condutor socorrista
Diego Freitas Fernandes – condutor socorrista
Joelson Machado da Silva – condutor socorrista
Júnior Marques dos Santos – condutor socorrista
Luiz Sandro Alves de Souza – condutor socorrista
Rogério Cassiano – condutor socorrista
Wemerson Pereira Maloca – condutor socorrista
Ítalo Glenio Morais – condutor socorrista

Edison da Conceição Filgueiras Júnior – sem identificação
Emerson Pereira da Mata – sem identificação
João Batista Gomes – sem identificação