Juiz decide afastar dois vereadores envolvidos na Operação Poltergeist

Decisão do juiz Rogério Carvalho Pinheiro, da 8ª Vara Criminal de Goiânia, determinou que os vereadores Divino Rodrigues, do Pros de Goiânia, e Fábio Souza Santana, do PDT de Minaçu, sejam afastados de suas funções parlamentares até a conclusão da ação penal relativa ao suposto envolvimento de ambos nas denúncias da Operação Poltergeist, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) em 1º de abril deste ano. A decisão se estende ao chefe de gabinete de Divino Rodrigues, Frederico Augusto Auad Gomes. A pedido do MPGO, nenhum deles deixará de receber seus salários até que se dê o julgamento. Outros 33 denunciados fazem parte deste processo, que corre em segredo de Justiça, na primeira instância.

Apesar das suspeitas que recaem sobre o deputado estadual Daniel Messac (PSDB), a decisão do juiz Rogério Carvalho refere-se apenas aos vereadores, pois o processo foi desmembrado em decisão monocrática do desembargador João Waldeck de forma que o caso do deputado siga em análise do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). O tucano –– que é candidato à reeleição ––, nunca se manifestou publicamente sobre as denúncias de nepotismo cruzado, fraude em licitação, contratação de funcionários fantasmas, dentre outras irregularidades envolvendo o recurso da verba indenizatória de seu gabinete. Sua esposa Libina Alves Machado, por exemplo, era lotada em regime de comissão com salário liquido de R$ 3.500 no gabinete do vereador Divino Rodrigues, que por sua vez tinha duas filhas (Christielly e Greyce Kelly) “trabalhando” para Daniel Messac. As jovens não compareciam ao gabinete de Messac.

O parlamentar segue em sua função porque o desembargador entendeu que a decisão sobre seu afastamento ou a cassação do mandato é de responsabilidade da Assembleia Legislativa. Uma comissão de sindicância chegou a ser instituída na Casa, mas as deliberações não abrangeram o tucano nem funcionários de gabinete.

No caso do vereador de Minaçu, a funcionária fantasma que faria parte da equipe do deputado tucano disse em depoimento que sequer sabe o endereço da Assembleia Legislativa. Trata-se de Sônia Soares, cunhada do vereador Fábio Souza. O pedetista também consta como sócio da empresa Fatrans Locação e Transporte, de onde foram emitidas notas fiscais frias para prestação de contas da verba indenizatória do gabinete de Daniel Messac.
Operação Poltergeist

O esquema investigado pelo MPGO é relativo a desvio de verba pública por meio de contratação de funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa de Goiás e da Câmara Municipal de Goiânia. É investigada também a prática de nepotismo cruzado entre as duas Casas, supostamente envolvendo os nomes do deputado Daniel Messac (PSDB) e do vereador Divino Rodrigues (Pros), que estariam mantendo em seus respectivos gabinetes familiares de um e de outro, de forma trocada.

Na ocasião da deflagração da Poltergeist, em coletiva de imprensa, o procurador geral de Justiça, Lauro Machado, afirmou que as práticas do grupo configuram crime de formação de quadrilha, visto que havia no esquema funções bem definidas; e peculato, crime cometido por funcionário público contra a administração. Havia aqueles que cooptavam pessoas para atuarem como funcionários fantasmas, chamados agenciadores, e os que contratavam e se beneficiavam diretamente.

As investigações apontaram também compensação “salarial” entre os funcionários fantasmas –– para que embora em casas legislativas diferentes, os “contratados” recebessem o mesmo valor ––; e que essas pessoas acordavam em devolver entre 80% e 90% do valor total do vencimento. De acordo com Lauro Machado, eram altos os valores desviados, e o total ainda não foi descoberto devido à complexidade com que se dava o esquema. Segundo o MPGO, até o momento sabe-se de alguns valores, como o de aproximadamente R$ 390 mil depositado na conta de Adailton Ferreira Campos, ex-chefe de gabinete de Daniel Messac. Fonte: Jornal Opção