Investigação impediu visita de ministra a complexo prisional de Aparecida de Goiânia

Um fato chamou atenção durante a entrevista coletiva concedida por integrantes do Ministério Público de Goiás; da Polícia Civil e da Diretoria Geral de Administração Penitenciária, ocorrida na tarde de sexta-feira (4/5), para apresentar os números e explanar as ações da terceira fase da Operação Regalia, ocorrida na madrugada da mesma data.

Os promotores do Gaeco revelaram que a identificação das irregularidades que culminaram com a Regalia III, ainda em dezembro do ano passado, em meio a investigações conjuntas dos três órgãos, culminou com a recomendação para que a ministra Cármen Lúcia, presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Superior Tribunal Federal, não realizasse as visitas previstas para o complexo prisional de Aparecida de Goiânia, após a rebelião ocorrida no início do ano.

De acordo com os levantamentos do MP e órgãos parceiros, grupo composto por detentos, esposas de reeducandos e um agente penitenciário temporário armaram um esquema que permitia a entrada de drogas, como cocaína e maconha; chips de celulares; aparelhos celulares; armas de fogo; facas; munição e dinheiro, dentre outros materiais, de forma clandestina na Penitenciária Odenir Guimarães.

Isso acontecia com a anuência deste agente penitenciário já identificado, corrupto, quer foi preso e de presos conhecidos como verdinhos, ou cela livre, que trabalhavam no controle de entrada de visitantes. O material para não ser identificado, era passado por fora do scanner e transportado dentro de tambores de lixo que eram deixados bem próximos da entrada de onde chegavam as visitas de forma proposital.

Em meio ao tumulto natural do dia de visita, os integrantes deste grupo faziam o material passar sem ser percebido. A descoberta das irregularidades ocorreu em dezembro, quando um agente penitenciário da ala feminina desconfiou da entrada de um dos tambores de lixo que estava sendo carregado para dentro de uma das alas do presídio com carga cheia. A desconfiança ocorreu, pois os tambores normalmente voltavam vazios para as alas.

Outra forma era fazer o material chegar por meio de visitantes femininas, nem sempre esposas dos presos, uma vez que, como muitas delas tinham mandados de prisão em aberto, acabavam pagando para outras mulheres realizarem a visita íntima a seus maridos ou outros presos. Estas eram chamadas de visitantes profissionais.

Foram cumpridos seis mandados de prisão fora do ambiente penitenciário, sendo um de um ex-agente penitenciário temporário, que já havia sido desligado do quadro de servidores estaduais, e cinco mulheres.

No ambiente interno, o Gope realizou 9 prisões, todas elas dentro do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia e na Penitenciária Odenir Guimarães, sendo uma das prisões de uma reeducanda e 8 reeducandos. Os presos serão indiciados por associação criminosa, associação para o tráfico, posse de munição irregular e corrupção passiva, em alguns casos.

Com os alvos externos foram encontradas duas munições; 174 gramas de maconha; 2,140 kg de pasta base de cocaína e uma balança de precisão. Com os alvos internos, dentro da prisão, foram encontrados R$ 13.194,00 em dinheiro; doze celulares; dezenove chips de celular; e quantidades de maconha, ecstasy e cocaína. (Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)