Força Nacional ajuda a resolver 110 homicídios em Goiás

Completando quase um ano da chegada de uma força-tarefa da Força Nacional Judiciária, do Ministério da Justiça, para ajudar a Polícia Civil goiana a investigar e chegar à solução de 2.950 inquéritos de homicídios ou desaparecimentos que ocorreram até 2008, o número de casos resolvidos não chega a 4% do total. Até agora, 110 casos foram concluídos e remetidos à Justiça . O anúncio da Força Nacional para contribuir com o trabalho da Polícia Civil foi feito em setembro de 2013. Foram enviados ao Estado 34 policiais, sendo 22 agentes, oito escrivães e quatro delegados. Atualmente, esse número já reduziu para 26 servidores. O grupo atua sob a coordenação da Delegacia Especializada em Repressão ao Crime Organizado (Draco).

Segundo o titular da Draco, Alexandre Lourenço, que coordena o trabalho da força-tarefa em conjunto com o delegado André Luiz Tedros Tiziano, da Força Nacional, do universo de quase três mil inquéritos que precisam de solução, até o momento somente 210 foram distribuídos à Força Nacional. Ele diz que, tirando os 110 inquéritos resolvidos, outros 100 restante estão bastante encaminhados.

Foi o próprio governo estadual que solicitou a Força Nacional nas investigações dos homicídios. O pedido foi feito em fevereiro de 2013 e os investigadores começaram a atuar em setembro do mesmo ano, com prazo previsto de ficar no Estado por três meses, com prorrogação por igual período. Hoje, já são 11 meses de trabalho e o governo goiano faz tratativas para a permanência da equipe por novo período.

Apesar de o número de inquéritos resolvidos não chegar a 10% dos casos que precisam ser solucionados, Alexandre Lourenço considera o resultado do trabalho “alvissareiro” e bem produtivo. “Temos contra o trabalho de investigação o elastério temporal e a complexidade da investigação. Levando isso em consideração, 110 casos resolvidos em quase um ano é muita coisa”, afirma.

O tempo

Dos quase três mil inquéritos para resolução, todos são anteriores a 2008. Existem fatos que ocorreram há 20 anos, e até agora polícia não conseguiu reunir provas para indiciar autores. “São casos que, quanto mais o tempo passa, mais difícil fica a produção probatória”, frisa Lourenço. Ele diz que não estão tratando de casos normais, mas de crimes que extrapolaram as forças do Estado na época e por isso foram deixados de lado. Apesar de o número de casos resolvidos até agora ser 110, o coordenador da força-tarefa relata que a perspectiva é que as investigações alcancem todos os 2.950. “O efetivo que trabalha para esta dinâmica não é grande. Então, não vamos concluir os inquéritos de um dia para o outro.”

A reportagem do O HOJE tentou ouvir, durante a última semana, o delegado André Tedros da Força Nacional, trabém responsável pelos inquéritos, no entanto, ele disse necessitar de autorização do Ministério da Justiça, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.

Grupo de extermínio é preso após investigações

Os inquéritos para investigação repassados para Força Nacional não foram escolhidos por nenhum motivo emblemático, apenas pela seleção cronológica dos casos. Dos mais antigos para os mais recentes. Dentre os casos resolvidos está a prisão de quatro policiais militares em Rio Verde que faziam parte de um grupo de extermínio na cidade. A prisão ocorreu em março deste ano, mas o grupo atuava há pelo menos oito anos e estava envolvido na morte de pelo menos três pessoas no sudoeste goiano.

Outro caso que é investigado pela Força Nacional e que ainda não teve solução é a morte do ex-prefeito de Goiás Boadyr Veloso do Carmo, que morreu aos 71 anos. Ele foi assassinado a tiros no Centro de Goiânia no dia 28 de maio de 2008, quando saía de um carteado. Entre as hipóteses para a execução estão crime político, vingança ou acerto de contas. Um das correlações feitas para o homicídio está o fato de Boadyr disputar o controle de pontos de jogo de azar em Goiânia e no Entorno do Distrito Federal. A família dele nega.

Desde a época do crime, apesar dos várias hipóteses para o assassinato, a polícia não conseguiu desvendar os reais motivos do crime, bem como indiciar os suspeitos. Fonte: Jornal O Hoje