Correção do FGTS: STJ pode julgar ação em abril

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) pode começar a julgar em abril a ação que servirá de referência aos demais processos que pedem a correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por um índice inflacionário, e não pela Taxa Referencial (TR) -mudança que aumentaria o rendimento do fundo.

A estimativa é do advogado Otávio Pinto e Silva, sócio da área trabalhista do escritório Siqueira Castro. “O Ministério Público Federal (MPF) vai dar seu parecer em 15 dias e, depois, o relator do processo no STJ já deve colocar o caso para julgamento. Isso deve acontecer no início de abril”, diz. Procurado pela reportagem, porém, o STJ não respondeu sobre a viabilidade desse prazo.

De acordo com a advogada Beatriz Rodrigues Bezerra, do escritório Innocenti Advogados, o MP já está com o caso e o prazo para a entrega do parecer começa a correr a partir de hoje. Há, no entanto, a possibilidade de que o MP peça mais tempo para analisar o processo, diz Bezerra. Além disso, mesmo após o parecer do MP, outras partes, como sindicatos, podem entrar como interessadas no processo, o que atrasaria o início do julgamento.

Cautela

Até lá, a recomendação a quem já está com uma ação em trâmite é aguardar. A cautela também é indicada a quem deseja entrar com uma ação pedindo a revisão do FGTS. “Se entrar com ação nova agora, ela vai ficar parada, pois ninguém vai julgar. Não vale a pena gastar dinheiro com advogado sem saber se existe chance de ganho de causa”, afirma Pinto e Silva.

Também vale a pena ao trabalhador interessado em iniciar um processo verificar no sindicato que representa a sua categoria se já não há uma ação coletiva em trâmite.

Na quarta-feira, o ministro do STJ Benedito Gonçalves determinou a suspensão de todas as ações do País que reivindicam que o FGTS seja corrigido por um índice inflacionário, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

A decisão do STJ, que será tomada com base no rito do regime de recurso repetitivo, deverá balizar o entendimento dos tribunais inferiores e padronizar o entendimento judicial sobre o tema.

Segundo a Caixa, gestora do FGTS, há mais de 50 mil ações sobre o tema em trâmite no Brasil. Dessas, ainda de acordo com a Caixa, 22.697 tiveram decisões favoráveis ao banco e 57, desfavoráveis.

O pedido para que o STJ analisasse o caso partiu da Caixa, principal afetada caso a correção seja validada. “Se eventualmente a Caixa ganhar esse recurso, as ações tendem a ser julgadas desfavoravelmente e isso desencorajaria novos”, afirma Pinto e Silva.

Por outro lado, uma decisão favorável ao trabalhador levaria a uma “enxurrada” de ações pedindo a correção, na avaliação do advogado.

Mas mesmo uma decisão desfavorável não significaria o fim da reivindicação dos trabalhadores, diz. Isso porque ainda há a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando inconstitucionalidade do artigo que define a TR como taxa de correção do FGTS.