Comissão de Sindicância da Assembleia tem um mês para apresentar relatório sobre servidores fantasmas

Foram iniciados nesta terça-feira (15/4) os trabalhos da Comissão de Sindicância da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) que irá discutir os desenrolares da deflagração da Operação Poltergeist.  A presidência da comissão ficou a cargo do deputado estadual Hélio de Sousa (Dem), e a vice-presidência do deputado Humberto Aidar (PT). Luiz Carlos do Carmo (PMDB) e outros três procuradores da Casa também integram a comissão. As informações são do jornal Opção.

As ações serão voltadas para a análise de uma possível fraude em licitação praticada por um dos servidores da Casa alvo de mandado na operação. De acordo com o procurador-geral de Justiça, Lauro Machado, o suspeito é sócio de uma empresa que presta serviço mecânicos e que foi contratada pela Alego. Além da denúncia de fraude, a Comissão de Sindicância também irá propor ações para que novas irregularidades na Casa sejam dificultadas.

Durante encontro no início da tarde, os integrantes da comissão definiram um cronograma de trabalho. Está marcada para a próxima terça-feira (22/4) uma reunião a fim de analisar todos os documentos referentes às denúncias do Ministério Público de Goiás (MPGO). O grupo tem o prazo de um mês para entregar à presidência da Casa um relatório final sobre a averiguação realizada. “Nós vamos ouvir não só os deputados, mas também várias lideranças partidárias. Queremos colher diversas opiniões para evitar esse tipo de problema”, afirmou Humberto Aidar ao Jornal Opção Online.

O deputado petista também disse que irá reforçar a necessidade de criação do Código de Ética e Decoro Parlamentar e da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar na Casa. Ele havia apresentado projetos nesse sentido no ano passado, mas os textos estão engavetados.

Fantasmas

A Operação Poltergeist, deflagrada no início do mês, investiga o desvio de recursos públicos por meio de contratações de servidores fantasmas na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal. As investigações apontam compensação “salarial” entre os funcionários fantasmas; e que essas pessoas acordavam em devolver entre 80% e 90% do valor total do vencimento.

Segundo Aidar, a comissão não entrará nesse mérito, pois todos os funcionários comissionados da Casa envolvidos nas denúncias foram prontamente afastados. “Dizer que nós vamos investigar quem já foi investigado e, inclusive denunciado, seria chover no molhado. Isso já foi investigado e os  funcionários já foram demitidos, não resta a essa comissão ficar remoendo a mesma coisa”, alegou.

Nepotismo cruzado

Foi apurada também a possível prática de nepotismo cruzado entre a Câmara e Assembleia, envolvendo os nomes do deputado Daniel Messac (PSDB) e do vereador Divino Rodrigues (Pros), que estariam mantendo em seus respectivos gabinetes familiares de um e de outro. Na última quinta-feira, em denúncia apresentada, o MPGO pediu a suspensão imediata do exercício das funções públicas dos dois legisladores.

A Comissão de Sindicância da Alego também não tratará sobre o assunto; e segundo Aidar, o tema nem chegou a ser tratado na reunião desta tarde. “A comissão é composta por três funcionários efetivos da Casa, e funcionários não podem investigar deputados”, explicou.

O deputado tucano acusado ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. O presidente da Alego, Helder Valin (PSDB), informou que conversaria ainda ontem com Messac para descobrir qual será seu posicionamento a partir de agora.