Bordoni pede à PGR que investigue denúncia feita por Demóstenes de que PDSB “salvou” Marconi durante a CPMI do Cachoeira

O jornalista Luiz Carlos Bordoni quer investigação da PGR
O jornalista Luiz Carlos Bordoni quer investigação da PGR

Marília Costa e Silva

O jornalista Luiz Carlos Bordoni requereu à Procuradoria Geral da República (PGR) que instaure inquérito para investigar denúncia feita recentemente pelo ex-senador Demóstenes Torres contra o governador de Goiás, Marconi Perillo. Em artigo publicado em um grande jornal do Estado, o também procurador de Justiça afirmou que durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instaurada para investigar ligação do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados, o PSDB “resolveu salvar Marconi Perillo, que teria gasto uma fortuna dos cofres públicos para custear sua absolvição”. A reportagem entrou em contato com assessoria de imprensa do governador que avisou que ele ainda não foi notificado sobre o caso. E somente se manifestará quando isso acontecer.

O ex-senador, no texto publicado em 31 de março passado, referia-se a acusação de supostas ligações entre Cachoeira e o governador goiano. Na época, ouvido pela CPMI, oficialmente instalada em 25 de abril de 2012, Marconi Perillo foi inocentado. No entanto, no artigo publicado por Demóstenes em que ele também ataca o senador Ronaldo Caiado (o procurador de Justiça teria insinuado que Ronaldo Caiado teve despesas eleitorais de 2002, 2006 e 2010 pagas por Cachoeira, acusado de comandar esquema de jogo ilegal no estado), ele garante que ocorreu “um amplo acordo político, que livrou o governador e outras pessoas a ele ligadas no imbróglio”.

O governador de Goiás Marconi Perillo foi ouvido na CPMI do Cachoeira
O governador de Goiás Marconi Perillo foi ouvido na CPMI do Cachoeira

Os fatos narrados por Demóstenes tomaram repercussão nacional. Prova disso é que o próprio Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, recentemente, avocar a reclamação disciplinar instaurada no Ministério Público do Estado de Goiás para investigar a conduta do procurador de Justiça Demóstenes Torres ao publicar o artigo. “Uma das notas de coincidência entre o Processo Administrativo Disciplinar, processado no Conselho Nacional, e a reclamação disciplinar, em trâmite na corregedoria local, é justamente o elemento-chave “Carlinhos Cachoeira”. “Em torno da relação com o procurador de Justiça desenvolveram-se fatos de questionável decoro”, afirmou o relator do caso no CNMP, Cláudio Portela.

Testemunha
Luiz Carlos Bordoni também foi ouvido na CPMI. Na época, ele garantiu que Marconi Perillo pagou a ele por serviços prestados com dinheiro da Alberto & Pantoja e Adécio & Rafael, empresas apontadas como sendo fachada de Cachoeira. Após o depoimento, o jornalista assegura, no documento enviado ao procurador-geral Rodrigo Janot, que tem sido perseguido pelo governador de Goiás. “Já fui processado civil e criminalmente por Marconi Perillo”, diz.

O ex-senador escreveu artigo para jornal goiano
O ex-senador escreveu artigo para jornal goiano

“Como cidadão e testemunha que fui na CPMI, trago estes fatos ao conhecimento de Vossa Excelência”, afirma Bordoni na representação, frisando estar indignado com as informações prestadas por Demóstenes no artigo. Segundo Bordoni, a afirmação do ex-senador é gravíssima e coloca em xeque a credibilidade não só do governador goiano mas de todos os parlamentares que atuaram na CPMI e na lisura dos trabalhos da comissão.

No pedido de investigação, Bordoni pede à PGR que ouça o ex-senador Demóstenes Torres sobre todos os fatos narrados por ele no artigo, intitulado Ronaldo Caiado: Uma voz à Procura de um Cérebro.

O jornalista é representado no pedido de instauração de inquérito na PGR pelo advogado goiano Alex Neder.