Os diários oficiais saíram do papel

Caio Santos

Os calhamaços que traziam toda a burocracia dos diários oficiais ficaram para trás. Agora tudo circula pela internet. Nem mesmo o Diário Oficial da União (DOU) resistiu à virtualização nos veículos de comunicação oficiais do poder público. A tecnologia cantou a pedra e o primeiro setor não pôde evitar. Depois de 155 anos circulando no meio impresso, o DOU deu adeus à gráfica do Planalto. Leis, decretos, nomeações e demais atos que constam no noticioso passam a ficar disponíveis para leitura apenas na web. As 11 mil árvores que eram sacrificadas todo ano para manter as impressões do Diário respiram aliviadas.

Conservadores de plantão que se cuidem. O processo digital está aí e mais abrangente do que nunca. Aliás, já não é novidade em Goiás. Aqui, o Diário Oficial do Estado também foi automatizado e desde janeiro último é encontrado somente na versão digital. Vale ressaltar que toda a atividade protocolar da administração do governo estadual migrou para o ambiente virtual em outubro deste ano. Papéis e processos espalhados pelos órgãos públicos? Nem pensar. Está tudo na tela do computador.

A virtualização, evidentemente, chegou também ao sistema de Justiça. É uma mudança de paradigma que requer adaptações rápidas no cotidiano dos advogados e demais profissionais do meio. Para se ter ideia desse cenário, dos 29,4 milhões de processos que ingressaram no Judiciário brasileiro em 2016, mais de 18 milhões deles foram abertos no formato virtual. A papelada que ainda carrega consigo o estigma de uma Justiça morosa e ineficiente corresponde a apenas 29% desses novos processos.

Com o advento da digitalização processual, a expectativa é de que a Justiça brasileira consiga enxugar gastos no sistema que, em 2016, custou R$ 84,8 bilhões aos cofres públicos. Economia, por sinal, é o que se descortina para os escritórios de advocacia alinhados à automação de processos. O tempo poupado com providências tomadas em poucos segundos, viabilizadas por softwares de gestão e análise jurídica, fará o diferencial na atuação das bancas advocatícias.

O meu recado para os 36,5 mil advogados ativos no Estado de Goiás: 2018 será o ano da transformação digital. Não o início, mas a consolidação desse processo gestado há mais de 20 anos no universo jurídico. Prepare-se para lidar, no dia a dia, com termos como inbounding marketing, marketing digital jurídico e machine learning. Eles devem fluir no seu vocabulário com a mesma solvência de palavras como petição, recurso, agravo e embargo.

Nosso tão essencial DOU se adaptou para não morrer. Os escritórios de advocacia têm feito o mesmo. Afinal, as agendas repletas de compromissos durante o expediente forense não permitem perder tempo folheando edições de mais de 2 mil páginas, como a que colocou o Diário Oficial da União no Guinness Book de 1997. Se é para quebrar recordes, que sejam eles com viés de eficiência, celeridade, pontualidade e economia. O jurisdicionado agradece.

*Caio Santos é CMO na empresa Aviso Urgente.